Problema aflige, além dos trabalhadores das indústrias, músicos e profissionais do trânsito também estão na mira da doença
Britadeiras, furadeiras, máquinas industriais dentro de fábricas, siderúrgicas, baladas, shows e até o trânsito do dia a dia. Passar alguns minutos sob influência da poluição sonora destes ambientes gera estresse entre as pessoas, imagine então trabalhar diariamente sob influência destes agentes? Embora o respeito e a conscientização de empresas sobre as normas de segurança para preservação da saúde auditiva de seus profissionais tenham aumentado, cada vez mais frequentes são os casos de vítimas de PAIR (Perda Auditiva Induzida por Ruído) relacionadas ao trabalho.
É fato, o mundo está mais barulhento, não à toa a OMS (Organização Mundial da Saúde) considera a poluição sonora o terceiro maior problema ambiental que afeta a população mundial. Mas será que os trabalhadores estão atentos a essa questão? Segundo especialistas, muitos não dão importância para o uso de EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) como os protetores auriculares que, embora sejam obrigatórios no horário de expediente, não é raro vê-los pendurados no pescoço e não nos ouvidos dos profissionais.
A OMS recomenda que todo e qualquer lugar onde haja ruído constante é necessário o uso de equipamentos de proteção. Além da intensidade do ruído, o tempo de exposição, no entanto, é quem vai dizer por quanto tempo o trabalhador pode ficar exposto a esse barulho. “É importante observar o nível de ruído em cada ambiente para que a audição não seja prejudicada”, ressalta.
É quase certo que os profissionais de siderúrgicas, metalúrgicas, gráficas e outras empresas cujo nível de ruído no chão de fábrica seja alto, já estão mais conscientes sobre a importância de usar os equipamentos, ainda que haja casos de quem não segue as regras e abandona o uso dos protetores. Por isso, a preocupação de cada vez mais otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos também tem sido focada nos profissionais que atuam nas ruas (onde o barulho vem crescendo exponencialmente nos últimos anos) e entre os músicos, duas condições que já entraram na lista de situações de risco.
Nas ruas, é muito comum ver os protetores no pescoço dos guardas de trânsito durante o trabalho. Segundo a fonoaudióloga, muitos são os casos de profissionais que arriscam à saúde pelo descuido. Dependendo do local onde esse profissional atua, o volume de ruído pode ultrapassar facilmente os 85 decibéis (nível máximo, suportado pelo ouvido durante 8 horas).
Músicos costumam se queixar muito do zumbido, sensação de chiado ou apito constante - após muito tempo de exposição a determinado tipo de ruído. “É muito comum ficar com essa sensação após shows, apresentações musicais em casas noturnas, porque o volume máximo suportado pelo ouvido normalmente estava muito abaixo daquele ao qual o indivíduo estava exposto”, explica Fabiana.
Será que estou perdendo a audição?
A perda auditiva costuma ser gradativa, por isso é preciso ficar atento. Se você anda tendo dificuldade para entender o que as pessoas falam, pede com frequência para repetir o que foi dito ou costuma ouvir televisão com o volume muito alto, pode ser hora de procurar um médico. “Quanto antes procurar ajuda, mais fácil será para dar o diagnóstico e contornar o problema”, alerta Fabiana.
O trabalhador ainda pode procurar ajuda dentro da própria empresa, se sentir que está com algum problema de perda auditiva relacionada ao ruído. O médico do trabalho, normalmente alocado dentro das empresas que mantêm bons programas voltados para a saúde do trabalhador pode diagnosticar casos de perda auditiva por ruído e recomendar uma visita a um especialista. Caso a empresa não tenha um profissional alocado, o trabalhador também pode procurar o CEREST (Centro de Referência em saúde do Trabalhador) de sua região, pois o Centro estará apto a atender o profissional e inclusive visitar a empresa para averiguar se há necessidade do uso de equipamentos de proteção e segurança, além de fazer palestras de orientação para empresários e funcionários.
O CEREST é um serviço do SUS (Sistema Único de Saúde), que visa atender as questões relativas à saúde dos trabalhadores. É o órgão que investiga as condições do ambiente de trabalho com finalidade de esclarecer aos trabalhadores sobre os riscos de acidentes e adoecimentos. O CEREST também articula com entidades sindicais, patronais e órgãos públicos, no sentido de identificar situações de risco dos trabalhadores, presta assistência especializada aos trabalhadores acometidos por doenças e ou agravos relacionados ao trabalho, sejam eles de empresas públicas e privadas; trabalhadores urbanos e rurais com carteira assinada ou não; autônomos; ou até mesmo desempregados.
Fonte: Ouvir Bem