Pesquisas da University of Michigan mostrou que o uso de um coquetel de vitaminas e minerais pode ser um promissor caminho para evitar a perda auditiva induzida por ruído - PAIR
Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 120 milhões de pessoas no mundo têm a audição afetada pelo ruído. A perda auditiva induzida por ruídos (PAIR) é a razão mais comum de perda auditiva. Estima-se que 15% das pessoas entre 20 e 60 anos irão ter perda auditiva (PAIR), causada por exposição a altos ruídos de concertos de rock, ruídos urbanos como o trânsito, ou mesmo por fones de Ouvido, Ipods, e outros aparelhos de reprodução sonora pessoais podem chegar a níveis de ruído semelhantes aos dos motores a jato. (segundo estudo realizado pela Universidade de Leicester na Inglaterra). Pesquisadores também alertam que estes ruídos altos afetam uma parte do cérebro chamado de núcleo coclear dorsal, danificando o revestimento das células nervosas, podendo causar zumbido, surdez temporária além de outros problemas auditivos.
A PAIR costuma ocorrer de modo imperceptível e com o passar do tempo pode aumentar ao ponto de afetar a capacidade de entender uma conversa, um diálogo. A otorrinolaringologista Rita de Cássia Cassou Guimarães afirma que as novas tecnologias e o estilo de vida dos jovens atuais favorecem a perda de audição. “A exposição intensa a sons altos é uma das principais causas de perda auditiva entre jovens”, aponta a médica.
Diante disto, pesquisadores da University of Michigan Kresge Hearing Reserch Institute, acreditam que a tendência de futuro é apenas aumentar o número de pessoas afetas pela PAIR em todo o mundo. E para reverter estes dados, os especialistas estão apostando num coquetel de vitaminas (A, C, E) e mineral (magnésio), como um promissor caminho para evitar uma possível perda de audição causada por altos ruídos.
Os pesquisadores da University of Michigan relataram que o uso em animais de uma combinação de doses elevadas de vitaminas A, C, E e magnésio, feita de uma hora antes da exposição ao ruído. E posteriormente como um tratamento uma vez ao dia durante cinco dias, foi muito eficaz na prevenção da perda auditiva induzida por ruído permanente. Os animais tiveram exposição prolongada a sons como alto quanto um motor a jato na decolagem a curta distância. Segundo os pesquisadores, os nutrientes que foram bem sucedidos em testes de laboratório, agora serão testados em seres humanos. Os cientistas querem descobrir se os humanos também podem se beneficiar desta descoberta.
Agora uma medicação em forma de pílula chamada AuraQuell que combina as vitaminas (A, C E) além do magnésio, está sendo testada em um grupo de pacientes que estão participando da pesquisa. Estes pacientes tomam esta medicação antes da exposição a altos ruídos. No teste em cobaias a combinação destes quatro micronutrientes bloqueou 80% da perda auditiva por ruído em 50% das cobaias.
Para os cientistas a exposição a altos ruídos provoca a liberação de radicais livres na corrente sanguínea que danificam as células ciliadas do ouvido interno. Assim, os pesquisadores afirmam que os antioxidantes podem proteger ou até mesmo reverter este dano celular. Pois durante a pesquisa se verificou que as cobaias que ingeriram o coquetel de vitaminas até três dias após a exposição aos ruídos tiveram suas células ciliadas restauradas.
"A prevenção da perda auditiva induzida pelo ruído é a chave", disse Glenn E. Green, MD, professor assistente de otorrinolaringologia no Sistema de Saúde e diretor do Laboratório de Audição das Crianças UM. "Quando não podemos evitar o ruído perda auditiva induzida por meio de programas de rastreio e uso de proteção auditiva, então nós realmente precisamos para chegar a alguma forma de proteger as pessoas que ainda vão ter exposição ao ruído. Minha esperança é que este medicamento vai dar às pessoas uma vida mais rica, mais completa.".
Sobre o Estudo
Até uma década atrás, pensava-se que o ruído no ouvido danificava a audição por intensas vibrações mecânicas que destruíam as estruturas delicadas do ouvido interno. E assim, até então não houve intervenções para proteger o ouvido interno, a não ser, de reduzir a intensidade de exposição ao ruído.
Porém, os pesquisadores, ao analisar várias literaturas e observar o comportamento de camundongos, descobriram que as pessoas quando expostas a ruídos intensos, devido a uma atividade metabólica que formam radicais livres, faz com que fluxo de sangue no ouvido interno caia pela metade, que causam uma má circulação sanguínea e consequentemente uma perda auditiva neurosensorial.
A partir disto, por meio do uso de antioxidantes, iniciaram-se testes em laboratório. No estudo a PAIR foi medida em quatro grupos de cobaias tratadas com as vitaminas antioxidantes A, C e E; apenas magnésio; uma combinação das vitaminas A, C, E mais o magnésio; e, outro grupo com placebo. Os tratamentos foram iniciados uma hora antes de uma exposição de cinco horas a 120 decibéis (dB) de pressão sonora do nível de ruído, e continuou uma vez por dia durante cinco dias.
O grupo que recebeu o tratamento combinado de vitaminas A, C, E com o mineral magnésio mostraram significativamente menos perda auditiva induzida por ruído do que todos os outros grupos. Os resultados foram considerados surpreendentes, pois, o uso destes quatro micronutrientes reduziu cerca de 80% da perda auditiva neurossensorial em 50 % das cobaias animais.
A partir de agora uma combinação de vitaminas A, C e E, além do magnésio, é dada em forma de pílula para pacientes que estão participando da pesquisa. A medicação, chamada AuraQuell, é projetada para ser tomada uma hora antes de uma pessoa ser exposta a ruídos altos.
O, AuraQuell está sendo testado em um conjunto de ensaios clínicos em humanos com apoio de outras cinco universidades em mais de 300 pessoas (militares na Suécia e na Espanha, operários da Espanha, e um grupo de estudantes da Universidade da Flórida que ouvem música em alto volume em seus iPods e outros PDAs), financiado pelo National Institutes of Health (NIH) . Este é o primeiro ensaio clínico financiado pelo NIH envolvendo a prevenção do ruído perda auditiva induzida.
"Se nós conseguirmos ter os mesmos 50% de eficácia em seres humanos, que vimos em nossos testes com animais, teremos um tratamento eficaz que irá reduzir muito significativamente a perda auditiva induzida por ruído em pessoas. Isso seria um sonho notável", diz o co-pesquisador Josef M. Miller, Ph.D., a Lynn e Ruth Townsend Professor de Distúrbios da Comunicação e diretor do Centro de Transtornos da Audição do Departamento de UM Kresge Hearing Research Institute de Otorrinolaringologia. Miller está liderando a pesquisa junto com colegas do Instituto Karolinska, em que Miller também tem um compromisso, da Universidade da Flórida e da Universidade de Castilla La Mancha.
University of Michigan solicitou patentes cobrindo o uso desta combinação única de vitaminas e minerais na prevenção da perda auditiva, como demonstrado neste estudo, se e quando as receitas são comercializadas como resultado desses esforços, a Universidade e os inventores do tecnologia se beneficiarão financeiramente. Um autor adicional de estudo é Larry F. Hughes, Departamento de Cirurgia / Otorrinolaringologia, Southern Illinois University Medical School.
O estudo foi financiado com recursos do National Institutes of Health, General Motors Corporation/United Automotive Workers Union, and the Ruth and Lynn Townsend Professorship in Communication Disorders. Referência: Free Radical Biology & Medicine, 42 (2007) 1454-1463
Fonte: University of Michigan Kresge Hearing Reserch Institute.
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