De acordo com Organização Mundial de Saúde – OMS, cerca de 360 milhões de pessoas no mundo que sofrem de perda auditiva incapacitante. Destes, um terço, ou um total de 165 milhões é formado por pessoas acima de 65 anos e 32 milhões por crianças e adolescentes com idade igual ou inferior a 15 anos de idade.
No Brasil os dados também são alarmantes. Segundo o censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, cerca de 9,7 milhões de brasileiros possui deficiência auditiva, o que representa 5,2% da população brasileira. Já, a OMS (2011) afirmou que 28 milhões de brasileiros sofrem algum tipo de problema auditivo, o que revela um quadro no qual 14,8% do total de 190 milhões de brasileiros têm problemas ligados à audição. Por outro lado, Sociedade Brasileira de Otologia – SOB afirma que cerca de 15% a 20% da população no país tem zumbido, sintoma que também indica perda auditiva.
Segundo a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia- SBFa, estes números poderiam ser menores se alguns hábitos negativos, tanto para a saúde quanto para a perda auditiva, fossem alterados. Quebrar estes maus hábitos de saúde, que vão se acumulando durante o tempo, pode ser o limite entre desenvolver ou não problemas auditivos no futuro.
O problema auditivo além de fazer parte do envelhecimento humano, também pode ser associado a fatores que incluem o tabagismo, consumo excessivo de álcool, exposição a altos ruídos no passado, recorrentes infecções do ouvido, algumas doenças sistêmicas como diabetes e problemas cardíacos ou a fatores genéticos.
FUMAR
O tabagismo/cigarro, de acordo com estudo publicado no periódico Tabacco Control, é responsável por 1/3 dos problemas auditivos no mundo. Segundo pesquisa conduzida pela Faculdade de Medicina da Universidade de Nova York (EUA) a fumaça tóxica do cigarro rompe os vasos sanguíneos do ouvido interno, alterando sua capacidade de transmitir vibrações. Problema que, segundo os pesquisadores, também atinge os fumantes passivos. Quanto maior exposição à fumaça tóxica, maiores os riscos de desenvolver problemas auditivos, além de doenças cardíacas e câncer de pulmão.
BEBER
Enquanto especialistas em saúde concordam que uma taça diária de vinho tinto é saudável para o coração e a audição, devido ao o composto fenólico "resveratrol", presente no vinho tinto e nas uvas vermelhas, que possui efeitos antiinflamatórios e antioxidantes no organismo. Uma vida de excessos de indulgência pode destruir mais do que o seu fígado. Especialistas em saúde acreditam que o álcool pode interferir com a capacidade do cérebro para interpretar o som, especialmente aqueles nas frequências mais baixas, e criar um ambiente tóxico no próprio ouvido interno, que é prejudicial para as células ciliadas da cóclea. Pesquisa conduzida pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e publicada na Revista Brasileira de Otorrinolaringologia em 2007, revelou que 67,57% dos indivíduos pesquisados, após consumo excessivo de álcool, apresentaram alterações na audiometria. De acordo com os pesquisadores da UFSM, o álcool em excesso é considerado uma droga “ototóxica” (tóxico para o ouvido interno), pois interfere na audição e no equilíbrio do indivíduo, causando efeito deletério no aparelho vestíbulo-coclear humano
EXCESSO DE RUÍDO
A exposição constante a níveis de ruído elevados (superiores a 80 dB) pode causar uma perda auditiva que não se percebe no início, se instala silenciosa e lentamente e é definitiva. A SBO aponta que cerca de 30% a 35% das perdas de audição são creditadas à exposição a sons intensos, sejam eles em ambiente profissional ou em lazer (como shows ou aparelhos eletrônicos), bem como, ao aumento do nível de ruído nas grandes cidades. Além dos problemas auditivos, o ruído pode causar também problemas, extra auditivos, como: insônia; cansaço; estresse, depressão, hipertensão, perda de atenção, perda de concentração, perda de memória, problemas de equilíbrio, queda de rendimento escolar e profissional. Já a OMS afirma que 5% dos problemas auditivos em todo o mundo são causados pelo mau uso de fones de ouvido e aparelhos de reprodução sonora individual como MP3 e Ipods que são tão potentes podendo atingir uma intensidade sonora de até 120dB, em seu volume máximo. Para se ter uma ideia, isto equivale à intensidade de uma turbina de avião durante a decolagem!.
Não realizar check-ups médicos
Na lista das doenças que podem ocasionar perda auditiva também se encontra taxa de glicemia alta, colesterol alto, diabetes, alterações emocionais, problemas cardiovasculares, além do uso indevido e não controlado de alguns diuréticos e antiinflamatórios. Segundo o Professor Titular de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) - Dr. Ricardo Ferreira Bento, vários fatores, além de doenças, podem provocar ou agravar problemas auditivos. Nesses casos, deve-se investigar e tratar a causa. Mesmo que a maioria das pessoas desenvolve perda auditiva relacionada à idade, às vezes, pode haver outra razão para que você não ouça bem. Um exame físico anual pode ajudar a determinar se a sua perda auditiva está relacionada a uma obstrução no ouvido ou outro problema de saúde que, uma vez tratados, podem restaurar a audição ou prevenir danos maiores, como a perda auditiva permanente. Por isso que cuidar da saúde, ter uma alimentação balanceada e realizar com frequência check-ups médicos e auditivos, são boas recomendações para quem quer evitar a perda auditiva.
Por isso, que a OMS recomenda que parar de fumar, beber com moderação, evitar ambientes ruidosos, observar seu peso e sua saúde, realizar check-ups médicos anualmente, são hábitos determinantes para quem quer evitar problemas auditivos. Além disso, a entidade recomenda que todos os adultos, a partir dos 50 anos devem se submeter a triagem auditiva, mesmo que assintomáticos, como forma de identificar precocemente a doença.
Leia Mais:
Entidade alerta para perda auditiva causada por aparelhos sonoros
Ruído no ambiente de trabalho põe em risco a audição de milhares de brasileiros
Fumo passivo causa perda auditiva em adolescentes, diz estudo
Glicemia alta, diabetes, problemas cardiovasculares entre outros favorecem o zumbido no ouvido