Pesquisadores da Universidade do Kansas - EUA desenvolveram um novo programa de terapia para tratamento do transtorno que atinge 7% das crianças em idade escolar ocasionando sérias dificuldades de aprendizagem
Pesquisadores da Universidade do Kansas - EUA desenvolveram um novo programa de terapia para tratamento do transtorno que atinge 7% das crianças em idade escolar ocasionando sérias dificuldades de aprendizagem
O Centro de Estudos de Distúrbios da Comunicação em parceria com o Centro de Estudos da Família e Serviços Humanos da Universidade do Kansas nos EUA, após diversas pesquisas e testes, está oferecendo uma nova opção de tratamento para o Déficit do Processamento Auditivo Central - DPAC.
O programa de tratamento desenvolvido pelos cientistas, fonoaudiólogos e médicos da Universidade do Kansas, chamado de EARSS (Enhancing Auditory Responses to Speech Stimuli), utiliza as respostas auditivas para os estímulos de fala como base do tratamento, adaptando as práticas terapêuticas de cada paciente com base nas evidências de diagnóstico do transtorno de cada caso.
Antes de iniciar o programa EARSS, as crianças são submetidas a um pré-teste para determinar suas necessidades específicas e assim definir o tempo de tratamento e a melhor forma de abordar a terapia com cada um.
Após, um médico audiologista acompanhado de um fonoaudiólogo encontra-se com o paciente uma hora por semana para participar de atividades que melhoram suas habilidades de processamento auditivo. As escolas em que as crianças estudam também recebem orientações específicas visando auxiliar o tratamento e melhorar a relação com os alunos.
Segundo Debra Burnett, professor e fonoaudiólogo especialista em DPAC do Centro de Estudos da Família da Universidade do Kansas, "Em vez de dar as diretrizes gerais para as escolas, que são capazes de falar sobre as necessidades específicas das crianças e seus pontos forte. Somos capazes de transmitir aos educadores estratégias muito específicas para lidar com o transtorno, porque nós começamos a conhecer as crianças, sabemos de suas dificuldades e acompanhamos o seu progresso." disse Burnett.
No final do programa é executado um pós-teste para avaliar os resultados obtidos e identificar as mudanças no paciente. Os pesquisadores, até o momento, viram resultados positivos com esta nova abordagem para o tratamento do transtorno. Segundo os cientistas, todas as crianças que passaram pelo programa tiveram melhoras significativas nas áreas tratadas. Em áreas que os pesquisadores não "trataram", as crianças não apresentaram nenhuma mudança, mas também não ouve piora do caso. "Com base nesses resultados, nosso programa está mostrando os primeiros sinais de ser eficaz. Percebemos um benefício direto das crianças tratadas por este novo programa que integra médicos, fonoaudiólogos, pedagogos e a família.", disse Burnet.
Algumas das atividades de treinamento do processamento auditivo desenvolvidas com as crianças durante o programa de EARSS são:
Sobre a Pesquisa
Após participar de uma conferência da American Speech-Language Hearing Association (ASHA) sobre maneiras de incorporar fonoaudiólogos e outros especialistas em terapia para o transtorno do DPAC, Burnett e seus colaboradores iniciaram o programa.
Inicialmente sete crianças com idade entre 8 e 14 anos, diagnosticadas com o DPAC foram selecionadas para o programa que durou em média 06 meses. Após estudos iniciais e testes as crianças passaram pelo programa desenvolvido. Com resultados positivos o programa foi estendido a toda comunidade do Kansas que foram diagnosticadas com o transtorno. Após um ano e meio de implantação do programa, os envolvidos relatam resultados extremamente positivos.
Os pesquisadores, que estão preparando os resultados numéricos do programa, agora planejam publicar os dados em revistas especializadas, além de continuar oferecendo o programa à população, sempre visando melhorar a terapia aplicada.
Sobre o DPAC
Considerado uma neuropatia auditiva, sendo uma falha do sistema nervoso central, o Déficit do Processamento Auditivo Central - DPAC é uma falha na percepção auditiva, mesmo em pessoas com audição normal. Totalmente diferente da perda auditiva, em geral está associado a dificuldades de aprendizagem e a dislexia. Neste sentido, o DPAC está relacionado com a maneira com que o cérebro decodifica e processa as informações recebidas. Pessoas com este distúrbio auditivo escutam os sons, mas têm dificuldades de entendê-los, armazená-los e localizá-los. As informações são ouvidas normalmente, mas há uma deficiência neurológica que prejudica a compreensão das informações.
Pode-se dizer que processamento auditivo é “aquilo que fazemos com o que ouvimos”. Os processos neurocognitivos estão envolvidos. A memória, atenção e linguagem são integrantes no processo de análise na entrada da informação pelo canal auditivo. Uma perturbação do processamento auditivo difere da surdez, pois a pessoa pode não ter perda de audição. A dificuldade está em entender e processar corretamente aquilo que se ouve.
Segundo o American Speech-Language Hearing Association (ASHA), o transtorno atinge 7% das crianças em idade escolar. Duas vezes e meia mais comum em meninos do que meninas, de acordo com a ASHA, é um distúrbio que pode coexistir com outras doenças como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Dislexia, Autismo, Transtorno de Linguagem, Transtorno do espectro autismo e vários outros distúrbios cognitivos que levam à comportamentos semelhantes ao DPAC, dificultando a sua identificação e tratamento.
Fonte: Kansas State University
Um problema real o DPAC é um transtorno que atinge 7% das crianças em idade escolar
Causas e sintomas das otites que podem ocasionar diversos problemas auditivos em crianças e adultos
Estudo diz que dislexia pode ter ligação com audição